Por trás das paisagens exuberantes e da riqueza natural do Vale do Ribeira, um novo movimento começa a se consolidar: o da integração institucional em prol do pequeno produtor rural. No último dia 11, o município de Registro-SP sediou o II Encontro de Gestores Públicos de Agro e Pesca do Vale do Ribeira, reunindo secretários municipais de Agricultura, especialistas e técnicos do setor.

O evento, promovido pela UNESP, com apoio do Sebrae-SP, Programa Alimentar o Futuro, Da Gosto Ser do Ribeira e do Canal Direto SP + Perto, lançou luz sobre temas estruturantes para o desenvolvimento regional, como cadeias produtivas locais (CPLs), Indicações Geográficas (IGs) e a formalização via Serviço de Inspeção Municipal (SIM).

“O primeiro objetivo desse evento é a integração entre os secretários de agricultura dos municípios do Vale. Que eles se unam em torno de pautas em comum, como a indicação geográfica da banana do Vale do Ribeira, a do palmito pupunha e o fortalecimento das CPLs”, explicou Lucas Cárnio, consultor de negócios do Sebrae-SP.

De experiências isoladas a uma rede regional de ação

Se antes os municípios do Vale enfrentavam seus desafios de forma isolada, agora a troca de experiências passou a ser ferramenta de gestão pública. Para Cláudio Garrafão, secretário de Agricultura de Cananéia-SP, esse é o verdadeiro valor de encontros como esse:

“A gente troca experiências, cada um conta um pouco da sua realidade, da sua dificuldade, como está vencendo isso. E isso serve de exemplo para os outros.”

Do campo à mesa: formalização e segurança alimentar

Um dos focos centrais do encontro foi o SIM Consorciado, um mecanismo que permite que pequenos produtores legalizem seus produtos de origem animal e tenham acesso a novos mercados — algo decisivo para quem busca o selo de produto artesanal.

“É necessário conscientizar os novos gestores sobre a importância do sistema de inspeção. Ele é a porta de entrada para o selo de produto artesanal, especialmente aqui no Vale, onde temos muitos produtos de origem animal feitos de forma tradicional”, destacou Dariane Enke, professora da UNESP.

A analista do Sebrae-SP Jaqueline Nestlehner complementou:

“O SIM garante a procedência, a qualidade e a segurança dos alimentos. Ele valoriza a produção regional e cultural da nossa região.”

Indicações geográficas: valor simbólico e econômico

Produtos com Indicação Geográfica carregam identidade, história e pertencimento. Mas, além disso, podem ser diferenciais de mercado e gerar renda. O Vale do Ribeira já possui avanços concretos nesse campo.

“Até o ano passado, tínhamos duas CPLs reconhecidas. Agora aumentamos esse número. Isso significa mais produtos com reconhecimento formal, o que nos permite buscar investimentos através de novos editais”, explicou Lucas Cárnio, em outro trecho.

A urgência de políticas públicas com foco no produtor

Na outra ponta da cadeia, está o desafio de garantir que essas ações se traduzam em comida saudável e sustentável na mesa da população. A analista da FIESP Vanuzia Teixeira, do programa Alimentar o Futuro, trouxe esse contraponto:

“Falamos da sociedade, que merece uma alimentação saudável e sustentável. Mas também falamos do produtor rural, que precisa do apoio do poder público. E os municípios têm um papel fundamental nesse suporte.”

Um novo ciclo de desenvolvimento para o Vale do Ribeira

Ao final do dia, o saldo foi claro: um território antes conhecido por seus baixos indicadores sociais e econômicos está se reestruturando a partir da base — da agricultura familiar, do cooperativismo e da construção coletiva entre municípios.

O Sebrae-SP se posiciona como peça-chave nessa engrenagem, atuando como articulador entre poder público, academia e produtores. Com apoio técnico e político, o Vale do Ribeira dá um passo firme rumo à valorização da sua produção local — e, mais importante, de quem a faz.

📹 Assista ao vídeo e veja como essa articulação regional está mudando o jogo para o agro no Vale do Ribeira.

 

Fonte: Assessoria Sebrae-SP | Mônica Bockor