O futuro da infraestrutura de transportes de São Paulo começou a ser traçado a partir do Vale do Ribeira. O Governo do Estado lançou, em Registro, o Plano de Logística e Investimentos – PLI-SP 2050, que vai orientar os investimentos públicos e privados em transporte até meados do século.
Mais do que um documento técnico, o PLI-SP propõe uma nova forma de planejar o desenvolvimento: escutar primeiro as regiões e construir soluções a partir das demandas locais.
Escutar antes de investir
O primeiro Fórum Regional do PLI-SP 2050, realizado no último dia 14/10, em Registro, no interior de São Paulo, marcou o início de uma série de nove encontros que devem percorrer o Estado até 2026.
Coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), por meio da Subsecretaria de Logística e Transportes (SLT), o plano busca integrar rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos sob uma mesma lógica de eficiência, sustentabilidade e inclusão.
“O Vale do Ribeira representa bem o desafio e a vocação do nosso plano: unir desenvolvimento e sustentabilidade. O PLI nasce para ouvir as regiões, compreender seus gargalos e transformar essas demandas em projetos concretos. Grandes obras começam com boas escutas — e é isso que estamos fazendo aqui. A região tem um enorme potencial econômico e precisamos nos preparar para isso, inserindo variáveis sociais, ambientais e de viabilidade econômica”, disse o subsecretário Denis Gerage Amorim, da Semil.
O modelo se afasta da lógica tradicional de obras isoladas e propõe planejamento de longo prazo, com base em evidências técnicas e diálogo social.
Vale do Ribeira: laboratório de desenvolvimento sustentável
O evento inaugural aconteceu na área do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE-6), que abrange 14 municípios do Vale do Ribeira. A região foi escolhida por ser estratégica — é o maior território preservado de Mata Atlântica do Estado e, ao mesmo tempo, uma das áreas com maior potencial produtivo.
Estudos apresentados pela Semil e pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP) mostram que o Vale vem crescendo 1,85% ao ano na geração de empregos, acima da média estadual. O avanço na produção de palmito, arroz e pescado reforça a necessidade de melhorias logísticas para o escoamento de produtos.
“Os investimentos do DER precisam ser guiados por estudos técnicos cada vez mais precisos, para que o Orçamento, que é sempre restrito, seja aplicado da melhor forma possível”, destacou Bruna Donegá, coordenadora de Estudos e Pesquisa do DER-SP. “Precisamos enxergar a infraestrutura como algo capaz de transformar as cidades, a partir de uma visão de futuro, trazendo sustentabilidade, resiliência e soluções que realmente resolvam os problemas da população”, avaliou.
Entre as prioridades locais discutidas no fórum estão a integração da Rodovia Régis Bittencourt (SP-116) com estradas municipais e melhorias nas vias intermunicipais usadas para transporte agrícola e pesqueiro.
Desenvolvimento com participação local
Com o lema “Escutar o hoje para planejar o amanhã”, o fórum reuniu gestores públicos, empresários, instituições de ensino e lideranças regionais. O formato incluiu painéis técnicos, rodas de conversa e coleta de sugestões — todas incorporadas às próximas etapas do plano.
“A mobilidade é o ponto de partida para o crescimento regional. Em Registro, temos o desafio de integrar a BR-116 e a estrada de Sete Barras — e o diálogo com o Estado é fundamental”, afirmou o prefeito Samuel Moreira.
O diretor regional do Ciesp Vale do Ribeira, Carlos Alberto Puzzi, reforçou a importância de um planejamento participativo:
“Começar pelo Vale é simbólico. Mostra que o desenvolvimento precisa nascer das pontas, ouvindo quem vive e produz aqui.”
Um novo mapa da logística paulista
O PLI-SP 2050 vai consolidar, até 2026, um mapa estratégico de infraestrutura, com base em projeções de crescimento, dados técnicos e cenários socioambientais. A ideia é posicionar São Paulo como referência nacional em logística integrada e sustentável, reduzindo custos e ampliando a competitividade das regiões.
“O que estamos construindo não é apenas um plano de obras, mas uma visão de Estado. Planejar o futuro é decidir o que queremos deixar como legado”, completou Amorim.
As contribuições ao plano podem ser enviadas por qualquer cidadão no site oficial: pli.semil.sp.gov.br.
Fonte: Prefeitura de Registro | SEMIL
