REGISTRO (SP) — O Sesc Registro recebeu, na última quarta-feira (26), um público diverso e engajado para o lançamento do “Sesc em Percurso: Gestão Cultural”, iniciativa que pretende fortalecer a política cultural no Vale do Ribeira por meio de formação continuada, articulação regional e escuta das demandas do território. Cerca de 70 gestores, produtores, artistas, professores, comunicadores e lideranças quilombolas acompanharam o encontro, que marcou o início de um processo formativo previsto para avançar ao longo de 2026.
A ação integra a estratégia do Sesc São Paulo, que nos últimos anos tem ampliado programas territoriais de cultura buscando dialogar com municípios, coletivos e equipamentos culturais. A proposta é oferecer cursos, oficinas e encontros que abordem temas centrais da gestão cultural contemporânea — das políticas públicas e sistemas de financiamento ao patrimônio, memória, projetos colaborativos e economia criativa.
Diálogo com o território e apresentação das diretrizes
A abertura do evento contou com representantes do Sesc São Paulo, que apresentaram objetivos, metodologias e etapas da iniciativa. A instituição destacou que o programa se apoia em três eixos principais: formação, articulação entre agentes locais e diagnóstico territorial, construído a partir da participação direta das cidades envolvidas.
Em seguida, as palestrantes convidadas — Adriana Scannavez e Fátima Martins — conduziram um diálogo técnico que provocou reflexões sobre os desafios e caminhos possíveis para a cultura no interior paulista.
Scannavez, consultora em políticas culturais e conselheira em Ribeirão Preto, ressaltou a importância de uma abordagem sistêmica:
“Política cultural não nasce em Brasília. Ela nasce aqui — nas conversas, nos conflitos, nos encontros”, afirmou.
Sua fala reuniu experiências acumuladas na implementação da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), enfatizando a relevância do chamado CPF da Cultura (Conselho, Plano e Fundo) como instrumento de sustentação das políticas públicas locais.
Fátima Martins, atriz, produtora e pesquisadora das culturas populares, compartilhou experiências bem-sucedidas em municípios do interior, especialmente na microrregião de Lins, onde coordena o projeto “Alinhavando Redes Culturais”. Ela destacou como redes colaborativas têm fortalecido bibliotecas, ampliado a circulação de artistas e viabilizado editais antes inacessíveis para grupos locais. O case foi apresentado no 15º Seminário Internacional Biblioteca Viva, referência nacional em políticas de leitura.


Participação plural e construção coletiva
A plateia, formada por gestores públicos e agentes culturais, participou ativamente com perguntas e contribuições ao debate. Além da presença de gestores de cultura de Iguape e Cananeia, o encontro contou com representantes do Quilombo São Pedro, entre eles o líder comunitário Aurico Dias. A participação de comunidades tradicionais foi celebrada pelo Sesc como parte fundamental do processo, considerando que o Vale do Ribeira abriga a maior concentração de quilombos do estado e uma das mais relevantes do país — um patrimônio que influencia e enriquece as práticas culturais regionais.
Profissionais da imprensa também acompanharam a atividade, registrando depoimentos e imagens. Um backdrop montado ao lado do teatro da unidade serviu como espaço colaborativo para fotografias e publicações nas redes sociais, reforçando a circulação das informações e o engajamento dos participantes.

Estrutura do encontro e propósito formativo
A programação do lançamento contou com uma série de atividades pensadas para integrar e engajar os participantes. O evento começou com uma recepção acompanhada de café de boas-vindas, seguida de uma apresentação institucional do Sesc São Paulo. Em seguida, foi exibido um vídeo introdutório, que abriu caminho para uma palestra e uma conversa aberta com o público. O momento de escuta ativa permitiu que os participantes compartilhassem demandas, desafios e potencialidades de seus municípios, fortalecendo o diálogo e a troca de experiências.
Segundo a instituição, essa escuta subsidiará o catálogo de ações formativas de 2026, que deve mesclar cursos presenciais e atividades híbridas, ampliando o alcance dos conteúdos.

Próximos passos e expectativa para 2026
Com o lançamento concluído, o “Sesc em Percurso: Gestão Cultural” inicia agora um período de diagnóstico participativo, etapa em que a equipe do Sesc mapeia necessidades, vocações, gargalos administrativos e demandas culturais das cidades atendidas.
A expectativa dos gestores presentes é de que o programa impulsione a consolidação de políticas culturais mais estruturadas, especialmente em cidades pequenas, onde a implementação do Sistema Nacional de Cultura ainda enfrenta desafios recorrentes — como a ausência de conselhos ativos, planos municipais atualizados e fundos com regulamentação efetiva.
Compromisso com o desenvolvimento cultural regional
Ao final, o Sesc Registro reafirmou seu compromisso com a formação e o desenvolvimento cultural regional.
A iniciativa, de acordo com a instituição, busca estimular ambientes colaborativos, fortalecer a atuação de profissionais da cultura e contribuir para que municípios avancem na implantação de políticas públicas consistentes, alinhadas ao contexto e às singularidades do Vale do Ribeira.

Fonte: Sesc Registro