ELDORADO (SP) — Uma força-tarefa reuniu, entre os dias 17 e 19 de novembro, órgãos federais, estaduais e municipais para levar justiça, documentação civil e serviços de cidadania a moradores de 13 comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. A iniciativa integrou a primeira edição paulista do Juizado Especial Federal (JEF) Itinerante Quilombola, coordenada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

A Pousada do Quilombo Ivaporunduva, em Eldorado (SP), no interior de São Paulo, recebeu atendimentos jurídicos, previdenciários, assistenciais, eleitorais e de documentação básica — um esforço concentrado que buscou reduzir barreiras históricas enfrentadas pelas comunidades tradicionais da região.

Acesso à Justiça e benefícios sociais

O JEF Itinerante Quilombola, coordenado pelo TRF3, encerrou ontem a primeira edição no Quilombo Ivaporunduva, em Eldorado (SP). Nos dias 17, 18 e 19 de novembro, a iniciativa levou serviços de justiça, saúde e cidadania a moradores de diversas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira.

O mutirão ofereceu concessão de benefícios previdenciários, emissão de documentos, atendimentos de saúde, orientação ao produtor rural e ações de apoio às famílias, em parceria com a Prefeitura de Eldorado, órgãos públicos e instituições quilombolas. A Advocacia-Geral da União (AGU) também participou da ação, representando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em acordos judiciais e extrajudiciais. A equipe da Procuradoria Regional Federal da 3ª Região (PRF-3) atuou em mais de 120 propostas de conciliação envolvendo salário-maternidade, aposentadoria por idade rural, pensão por morte e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

No local, foram resolvidas situações pendentes como benefícios assistenciais, regularização documental, acordos judiciais e orientações essenciais para moradores que enfrentam barreiras geográficas e dificuldades de acesso a serviços públicos. Os relatos colhidos ao longo dos três dias evidenciaram o impacto direto da ação, que garante direitos, reduz desigualdades territoriais e aproxima a Justiça Federal das comunidades tradicionais.

Esta foi a primeira edição do JEF Itinerante Quilombola. A iniciativa busca superar obstáculos geográficos e econômicos ao acesso à Justiça Federal, promover igualdade e justiça social, respeitar especificidades culturais e territoriais e agilizar a resolução de demandas da população quilombola.

Para moradores do território quilombola de Ivaporunduva — reconhecido e titulado em 2010 e onde vivem cerca de 120 famílias — o mutirão representou um avanço.

“A luta por nossos direitos sociais ainda é grande, incluindo benefícios previdenciários, e o evento que está acontecendo aqui é um momento especial”, disse Maria da Guia Silva, liderança comunitária.

A subprocuradora federal da 3ª Região, Elda Migliacci, destacou a relevância de ações itinerantes para reduzir desigualdades de acesso.

“Não é apenas a distância física. Muitas vezes há dificuldades de comprovação documental para obtenção de direitos constitucionais. Participar dessas iniciativas é extremamente compensador”, afirmou.

Para a procuradora federal Fernanda Marques, a atuação em territórios quilombolas carrega um sentido histórico.

“Como mulher preta, sinto muito orgulho de participar deste mutirão e de honrar, fortalecer e resgatar a trajetória do meu povo”, afirmou.

A procuradora federal Marília Cysneiros ressaltou o caráter humanizador da ação:

“Quando operadores do direito saem de seus gabinetes e acompanham de perto a realidade das pessoas, todos ganham. É gratificante fazer um acordo olhando nos olhos de quem é beneficiado.”

Justiça Eleitoral reforça cidadania

A Justiça Eleitoral paulista, por meio da 228ª Zona Eleitoral de Jacupiranga, integrou a força-tarefa, oferecendo emissão e regularização de títulos, quitação de multas eleitorais e coleta de biometria.

“A participação do cartório eleitoral reforça o compromisso da Justiça Eleitoral com os direitos fundamentais e a ampla participação no processo democrático. Para as comunidades tradicionais, esse atendimento também tem caráter de reparação histórica”, afirmou Luna Chino, coordenadora de Gestão de Eleições do TRE-SP.

Documentação, cadastros e serviços integrados

Os moradores puderam emitir certidões de nascimento e casamento, RG, CPF, além de acessar cadastros do INSS e da Caixa Econômica Federal para solicitação de benefícios. Também houve orientação sobre comprovação de segurado especial — condição que garante direitos rurais a quilombolas, ribeirinhos e indígenas.

Além da AGU, TRF-3 e Justiça Eleitoral, participaram da força-tarefa:

  1. Defensoria Pública da União (DPU)
  2. Defensoria Pública do Estado
  3. Procuradoria Federal
  4. Ministério Público
  5. INSS
  6. Fundação Instituto de Terras (Itesp)
  7. Prefeitura de Eldorado
  8. Exército Brasileiro
  9. Receita Federal
  10. Incra
  11. Entre outras instituições parceiras

    Fotos: Tribunal Regional Federal da 3ª Região (Divulgação) 

    Fonte:  Tribunal Regional Federal da 3ª Região / Assessoria Especial de Comunicação Social da AGU

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