O palmito pupunha do Vale do Ribeira passou a integrar oficialmente o seleto grupo de produtos brasileiros com Indicação Geográfica (IG). O reconhecimento, na categoria Indicação de Procedência (IP), foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e publicado na Revista da Propriedade Industrial no último dia 18 de novembro. Com a inclusão, o Brasil soma 157 IGs, sendo 116 IPs e 41 Denominações de Origem (DOs).

A certificação abrange 17 municípios paulistas da região: Barra do Turvo, Cajati, Cananeia, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Registro, Ribeira, Sete Barras e Tapiraí. O reconhecimento reforça a importância econômica e cultural da cadeia produtiva do palmito pupunha, segunda maior atividade agrícola do Vale do Ribeira — atrás apenas da banana.

Dados do INPI mostram a dimensão do setor: somente em Juquiá, são mais de 7 milhões de plantas cultivadas. Em toda a região, cerca de 1,2 mil produtores somam 35,5 milhões de plantas distribuídas em 7,1 mil hectares, com processamento anual estimado em 24 milhões de hastes por 40 agroindústrias licenciadas pelo Programa Palmito de Qualidade. A atividade gera 10 mil empregos, impulsionando a agricultura familiar e contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Vale.

Foto: Daniele Otto/ Embrapa

Sebrae-SP foi decisivo na conquista

A obtenção da IG é resultado de um processo técnico extenso que contou com participação central do Sebrae-SP, por meio do Escritório Regional de Registro. A instituição atuou desde a definição das cadeias produtivas aptas a buscar o reconhecimento até a organização dos produtores e entidades.

Após a escolha do palmito pupunha como candidato, o Sebrae-SP contratou o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) para conduzir o processo de elaboração e redação do Caderno de Especificações Técnicas (CET) e preparar o pedido ao INPI. O documento estabelece as normas de produção, rastreabilidade, delimitação geográfica e requisitos que caracterizam o produto certificado.

Segundo o consultor de negócios do Sebrae-SP, Anderson Lima, o trabalho envolveu a articulação de uma rede de instituições parceiras, como a APUVALE, APTA, CATI, cooperativas e sindicatos rurais. 

“Nosso envolvimento contribuiu para organizar, capacitar e estruturar a cadeia produtiva para atender aos requisitos técnicos e legais da certificação”, afirma.

O Sebrae também promoveu workshops, encontros e o Encontro de Indicação Geográfica do Palmito Pupunha, além de organizar uma missão técnica a São Mateus do Sul (PR), referência nacional em IG pela erva-mate. A visita permitiu que produtores conhecessem, na prática, os impactos positivos do selo em toda a cadeia produtiva.

Foto: Neka Gastronomia

Selo abre portas e fortalece a identidade regional

Para a gerente regional do Sebrae-SP no Vale do Ribeira, Michelle Santos, a IG representa “um marco de extrema importância” para a região, com efeitos que vão além do reconhecimento de origem.

O selo confere ao produto diferenciais competitivos que incluem:

  • Aumento de valor agregado: o palmito certificado pode alcançar preços superiores no mercado;
  • Proteção contra imitações, garantindo uso exclusivo do nome “Vale do Ribeira” pelos produtores habilitados;
  • Acesso facilitado a mercados mais exigentes, no Brasil e no exterior, que valorizam procedência e qualidade comprovadas.

Michelle destaca que o impacto da certificação é amplo: fortalece a cadeia, estimula o turismo, gera empregos, aumenta a autoestima regional e promove a sustentabilidade. 

“O nosso palmito se transforma em um produto com história, valor e garantia, servindo como um poderoso motor para a transformação socioeconômica e para a conservação ambiental do Vale do Ribeira”, afirma.

Com o selo de Indicação Geográfica, o Vale do Ribeira amplia sua visibilidade no cenário nacional e reforça sua identidade como uma das principais regiões produtoras de palmito pupunha do país.

 

Fonte: Sebrae-SP